sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Yu All - Blood Elf - Capitulo 2



(rewriten)
A mudança

Cecília havia-me dito que me estava a observar há muito tempo.

"Tudo o que vês e ouves neste momento é quase que irrelevante. O que importa é que tudo isto estará ao teu domínio se assim o desejares." Estas foram as suas palavras.
O que ela poderia querer dizer com isto?

Tentei esquecer o que se havia passado. Nem estava certo se aquilo havia sido real. Como podia ser!? Algo tão mágico acontecer-me a mim... o simples João!
Cheguei a casa e esta estava deserta. Como sempre. Os meus pais podiam até estar fora do país que eu nem saberia. Podiam estar vários dias fora que eu nem saberia onde os procurar ou como os contactar.
Devia ter os piores pais que existem na face da terra! O que vale é que tinha cartão multibanco que me possibilitava ter tudo o que precisasse sem preocupações e sem dar satisfações a ninguém. Até porque aparentemente ninguém se importava em saber onde gastava o dinheiro...
Nessa noite voltei a sonhar com Cecília. No sonho ela me mostrava um mundo diferente. Um mundo de magia, anjos e demónios. Um mundo onde eu pertencia. E dizia-me que eu devia tomar uma decisão. Eu devia decidir se queria ir para aquele mundo.
Os dias passavam-se e o sonho repetia-se.
Estava a ficar realmente preocupado comigo. Estaria a enlouquecer?
Nestes dias seguintes comecei a faltar ás aulas, decidi procurar aquela mulher.
Foi apenas tempo perdido.
No entanto, tirando os sonhos, tudo à minha volta parecia normal. Ninguém havia reparado que andava a faltar ás aulas. Nem a Rita tinha vindo implicar comigo. Os dias passavam num estranho vórtice de realidade e ficção.
Precisava tomar uma decisão. Percebi que precisava responde a Cecília. Devia decidir se queria viver neste outro mundo e três factores me levaram a tomar a decisão que precisava. Uma decisão que mudaria para sempre a minha vida.
O primeiro factor foi o facto de ter a noção que Cecília realmente precisava de mim. Agora percebo este sentimento. Percebo também que Cecília não era mais do que todas aquelas mulheres giras que nos entrevistam quando vamos procurara emprego a grandes empresas. É tudo uma questão de marketing. Na realidade a sua beleza e doçura influenciaram muito a minha decisão, só por isto quase poderia dizer que nunca tive escolha, a minha decisão já havia sido decidida antes de eu saber. Naquela altura fazia tudo para reencontrar aquela mulher que todas as noites entrava nos meus sonhos e me dava detalhes de um novo mundo e uma nova vida.

Quando Cecília me levava a este novo mundo. Tudo me parecia um misto de sonho e realidade. Ainda hoje, passado vários anos não percebo o que se passou. Cecília deu-me a possibilidade de ver "AshWorld". Era como ela intitulava este mundo.
Viajei por ele algumas horas por dia, enquanto Cecília me explicava a origem de todas as lendas do nosso próprio mundo. Supostamente neste mundo "AshWorld" não deveriam existir humanos, tal como no nosso não deveriam existir seres de origem mágica. A verdade é que nem sempre tinha sido assim. Em tempos também no nosso mundo viviam livremente vários seres mágicos. Eu queria saber tudo, mas Cecília não queria dar-me já todas as respostas.
Basicamente o que se passava era que desde sempre havia uma grande guerra entre os seres mágicos. De um lado as tradicionais forças do bem. Intitulados de império de "Gaia" supostos defensores dos antigos deuses que criaram todos os outros seres, incluindo os próprios humanos. Cecília explicou-me que se me juntasse a eles iria viver cerca de meia centena de anos a compreender os seus costumes e crenças e se fosse merecedor passaria mais meia centena de anos a treinar numa das várias classes de guerreiro que compõem este império. Só mais tarde, dependendo do meu desempenho, seria capaz de voltar à terra, ou seguir qualquer outro ideal que desejasse. Estava a ser recrutado como guerreiro para uma antiga guerra.
Fiquei com a ideia de que depois de passar tanto tempo a treinar e ainda ter tempo para seguir o meu caminho, teria uma longevidade de vida bem maior que a actual, cheguei mesmo a pensar que talvez pudesse ser imortal. Uma ideia que em nada me agradava era passar um século longe de tudo e todos, esta escolha significava abandonar tudo o que conhecia e possuía actualmente.
Mas esta não era a minha única opção.
Do outro lado da guerra, o tradicional império do mal, o lado onde reina a desordem e a lei do mais forte. Na realidade isto não é bem verdade. Aqui existem também bastantes regras e, na realidade os guerreiros mais poderosos encontram-se aqui, explicava Cecília. Mas aqui, poucos sobrevivem. Se te juntares a este império, certamente passarás vários anos a viver como escravo de algum general, até que finalmente consigas mostrar o teu verdadeiro poder. Este é o império de "Seol", adoradores de Deuses maléficos e de origens demoníacas. A grande diferença entre os impérios tem a ver com a protecção, ou não protecção, dos mais fracos. Aqui ninguém me iria proteger. Acredita-se que este é o verdadeiro caminho para se alcançar a força suprema rapidamente. Este é um império de impérios, governados por guerras e conflitos internos.
Todas estas explicações de bem e mal. Todo este novo mundo me parecia uma parvoíce. Eu nem sequer era religioso. Ia lá lutar por deuses e demónios. Inicialmente não me agradou nada a ideia de viver num mundo de ficção cheio de guerras.

Olhando hoje para todas estas histórias que Cecília me contou, compreendo que ela pretendia influenciar-me, pois as coisas não são bem como ela me explicou. Em todo o caso devo continuando com a história, tal como ocorreu...

Aos poucos fui ganhando controlo destas viagens a AshWorld e podia também intervir. Aos poucos estas viagens não eram mais como um filme que me era mostrado, mas sim como um diálogo repleto de imagens, sons, cheiros... sensações totalmente diferentes da realidade que conhecia! Logo que possível reuni um conjunto de questões que queria fazer a Cecília. Aos poucos consegui controlar os meus sonhos e entrar neles como se estivesse acordado.
A primeira questão que fiz a Cecília foi:
- Então e a parte que não é controlada por nenhum império? Não existem rebeldes? Todos seguem esses ideias do bem e do mal, ou existem pessoas que lutam por si e pelos seus sem se importar com esses deuses?
Cecília sorriu. Percebo agora que era aqui que ela pretendia que eu chegasse.
- Existem áreas neutras que não foram ainda controladas por nenhum império, tanto neste mundo que te mostro, como em outros que virás a conhecer. Nestas áreas governadas por raças menos antigas e poderosas vivem os seres originais do planeta e algumas outras raças que se foram afastando do seu império de origem. É ai que se tem uma vida mais parecida com a terra. Aqui cada um vive por si e pelos seus. Não existe união a nenhum grande Deus que nos diz o que seguir ou o que pensar. Agora, finalmente estás pronto. Se assim o desejares, em 24h estarás aqui, poderás ter o poder destes seres.

Esta foi a segunda razão que me levou a escolher este caminho, "o poder". Todo aquele mundo! Um mundo de magia, tal como nos vídeo jogos! Era um mundo fantástico e atraente.
De repente senti-me voltar para o local onde tudo começou. Estávamos naquele campo, perto da rua que dava para a universidade, onde pela primeira vez entrei neste mundo de fantasia.
Da rua ouvi a Rita. Estava a fazer um escândalo por estar ali com outra mulher.
Estava de volta ao local onde vi Cecília pela segunda vez.
Tentei acalmar a Rita e perceber o que se passava mas, por mais que tentasse, ela parecia não me querer ouvir.
Ficamos ali algum tempo a discutir.
Não percebo como estava de volta. Ainda para mais tinha que aturar a Rita que fazia de tudo para expulsar Cecília.
Teríamos ficado ali toda a noite se não tivéssemos sido interrompidos por um homem de aspecto intimidador. Ao aproximar-se o homem pega numa faca e demonstra querer assaltar-nos.
Tentei tomar a atitude de homem e enfrenta-lo, proteger a Rita e a Cecília, mas a Cecília já ali não estava, havia desaparecido.
A minha atitude de homem não valeu de muito, não me senti confiante o suficiente para o enfrentar por muito tempo. Acabamos por ficar sem tudo o que tínhamos de valor. Raios! O que podia eu fazer contra aquele gigante, ainda para mais com uma faca na mão...!
A Rita tentou fugir. É claro que acabou por nos colocar numa situação ainda pior. Na tentativa de a proteger acabei por levar uma carga de porrada.
Finalmente, depois de se certificar que não possuíamos mais nada de valor, o Homem acabou por se ir embora, levando consigo os poucos valores que tínhamos. Se eu fosse mais forte…podia ter feito algo.
Este foi o terceiro pensamento que me influenciou a tomar a minha decisão. Este pensamento não me saiu da mente até reencontrar Cecília. Decididamente eu queria ser mais forte.

No dia seguinte Cecília esperava por mim à saída da universidade. Desta vez havia saído da universidade por uma porta das traseiras, um caminho não muito usual, não desejava ser assaltado novamente nem seque ver a Rita. E lá estava ela, a Cecília, como se soubesse onde me encontrar.
- Então, tens uma resposta para mim?
Perguntou-me ela.
- Definitivamente estou disposto a ajudar-te, quero aceitar. Quero saber mais sobre tudo o que me mostraste a noite passada.
- Deves ter em conta que o lado de Seol e de Gaia, o mal e o bem, nada tem a ver com Deus, Inferno ou morte. Essas crenças humanas estão ainda um pouco longe da realidade. Se bem que mesmo em AshWorld encontrarás muitos que acreditam no contrário. Se definitivamente estás decidido. Vou levar-te para este mundo, onde aprenderás a evoluir o teu poder. A que facção te pretendes juntar?
Eu não queria ser escravo de ninguém. Nem queria estar um século até ter alguma acção. Não posso ficar pelo meio termo? Perguntei? Novamente sorrindo, como se soubesse o que eu desejava, Cecília responde.
- Claro. Eu Sou um membro do clã do dragão, um guerreiro que não pertence a nenhum dos impérios.
Sabia que também irias escolher este caminho.
Não sei o que aconteceria se tivesse escolhido um outro caminho, mas parece que ela já tinha tudo planeado.
Cecília continuou.
- Se precisares de mim estarei por perto. Parto do principio que tens tudo pronto. Vou deixar-te ao cargo de um bom amigo meu. ShadowWolf é o seu nome. Um poderoso mestre que te guiará neste novo mundo. Certamente será bom para ti, mas antes toma isto.
E dizendo isto, injecta-me uma seringa com algo vermelho, quase preto.
- O que é isto?
- É sangue de elfo. O sangue desta antiga raça permite ao teu corpo evoluir o suficiente para que consigas criar e utilizar mana. A tua energia vital a partir deste momento.
Num piscar de olhos, dou por mim no meio de uma floresta. Sozinho.
“Como vim aqui parar? Para onde vou? O que faço?” pensava eu.
Isto era de loucos. Tudo estava a acontecer tão rapidamente. As vezes nem sabia se estava a viver algo real ou a sonhar.
Notava que estava em AshWorld, tudo ligeiramente diferente. Estava em AshWorld, mas agora não parecia um sonho. Agora estava mesmo lá.
- Que má altura para chegares.
Grita um velho corcunda. Ao mesmo tempo que abana um cajado invocando espíritos de lobos que saltam para atacar um zombie meio podre, já com uma perna meia comida. Nitidamente aquilo era um tradicional zombie que costumava ver nos filmes se bem que aqui era bem forte e ágil.
Depois de invocar alguns lobos, que mais pareciam fantasmas de lobos. O velho transforma-se ele próprio numa espécie de lobo. Mas era mais que isso, era um ser maior, mais forte.
Isto é a ultima coisa de que me lembro, depois de ter levado um murro daquele estúpido zombie.
Acordo mais tarde. O zombie está despedaçado no chão e o velho quase morto diz:
- Sou o shadowWolf e tu aqui não te safas. Ainda és fraco demais. Estou infectado e fraco, não posso cuidar de ti.
- Estavas a lutar contra um morto vivo?
- Hahaha! Não. Apenas uma forma de vida diferente. Uma forma de vida que antes estava completamente vivo e agora está completamente morto. Nada pode estar no meio vivo ou morto e vivo! Por mais que eles próprios achem que são mortos vivos, essa não é a realidade. Por isso é que não vale a pena juntares-te aos impérios. Ambos acreditam nos seus deuses. Deuses que lhes deveriam dar poder para estarem entre a vida e a morte, mas na realidade ninguém sabe o que se encontra para além da morte. Cá para mim é indiferente em que Deus acreditas. Por isso, segue o teu caminho sem ajudas desses tolos.
Dizendo isto, encostou a sua mão ao meu rosto. Senti uma nova energia a entrar em mim.
- Almas incompletas é tudo o que te posso oferecer neste momento. Isso… e uma vida longe daqui.
Dizendo isto, estava de volta ao campo na noite em que revi a Cecília.
Na minha mente estava o pensamento. O que ele queria dizer com oferecer-me "almas incompletas"? E, "como vim aqui parar novamente?"
O meu pensamento é quebrado pela Rita que aparece de repente a gritar. “O que estas aqui a fazer com essa mulher?”. Ali estava eu, perto da universidade, no local onde pela primeira vez conversei com Cecília.
“Déjà vu” pensava eu, incrédulo.
E novamente vejo um homem lentamente aproximar-se.
Eu conheço-te, pensava para mim. Mas algo em mim estava diferente. Principalmente desde que o ShadowWolf tinha colocado a sua mão em mim.
Este foi o momento que realmente mudou a minha vida...

2 comentários: